Já ouvi em muitas canções e já li em muitos poemas que a saudade tem um nome, e creio que não há mais nada que caracterize tão bem o que vai dentro de uma pessoa que viu partir alguém tão amado como esta frase.
Mas, para além de nome, também já me deparei que tem cara, cheiro, afecto e memória. Aliás, chego mesmo a perguntar-me: não será a saudade a melhor amiga da memória?
Pensando nisto, quase que as consigo ver de mãos dadas a caminho de alguém que precisa de ser confortado com a boa recordação do que foi bom, essencial, do que foi puro amor.
Que fenomenal a ideia de Deus ao nos criar com a capacidade de guardar momentos, caras, afectos, sons, cheiros, palavras, lugares… mas, o melhor de tudo: o amor que tais coisas carregavam.
Talvez o grande problema do ser humano é que se atenta para a saudade como se esta fosse um castigo, por ter aproveitado e recebido tanto. E a memória como o seu carrasco que vem para dar os seus golpes de dor pelo que já não existe.
Mas eu penso… não poderia a memória trabalhar a nosso favor? Não poderíamos tirar aquele capuz preto de carrasco e ver que, afinal (por baixo daquele tecido) há conforto?
Não, podemos não ter mais acesso à pessoa nem aos momentos que tivemos com ela - fisicamente. Mas Deus deu-nos um recurso para ser usado.
A memória não é má, ela é o que torna possível honrar a memória de alguém que partiu cedo demais. Ela não apenas enche a nossa memória, como dá espaço para a saudade despertar em nós o calor dos afectos e dos risos outrora vividos.
Nesse passo a passo, nesse tirar de capuz de carrasco, vamos nos deparando numa saudade que traz leveza e não dor.
As lágrimas que escorregam do nosso rosto já não são mais pesadas, as gargalhadas são de pura alegria e as lembranças pura ternura que nos aquece por dentro.
A saudade como um castigo e a memória como um carrasco, após um longo período de lidar com as emoções que a morte nos deixa, podem ser trocadas por uma saudade e memória redimida.
Um fardo é um fardo. Mas, um fardo pesado é possível ser trocado pelo o de Jesus que é leve. Sim, em e com Cristo, isso é possível.
Com a mansidão e a humildade que O caracteriza, encorajo-te a dares passos de coragem para que vejas a leveza que há na memória e na ternura que há na saudade.
Se Deus nos deu tais coisas, Ele sabe por que precisamos.
Li esse texto de ricas metáforas, vendo imagens e sentindo a ternura da saudade amiga em nossa memoria. Ana querida, muito obrigada por sua sensibilidade em trazer esse tópico com tanta leveza e cuidado. Você inspira a gente!
Um abraço!
Que texto maravilhoso Ana, e realmente a saudade tem cheiro e as vezes até sabor. E já ouvi dizer também que, até as gargalhadas costumam soar nos nossos ouvidos não apenas para trazer a memória a alegria que jamais será esquecida, mas permanecerá presente na vida de muitas pessoas que achava graça das gargalhas altas e contagiantes.
Excelente texto, Ana! Sempre com reflexões apuradas de temas um tanto sensíveis para nós, mas que precisam serem urgentemente esclarecidos e conversados entre nós, seres humanos. Lindo saber como Deus é meticuloso e realmente se importa conosco. Ele se preocupa até mesmo com a dor de alguém que diante dEle, é menor do que um átomo, Ele não nos quer ver sofrer. Isso é muito especial, pois só quem atravessa um vale sombrio dá valor a Presença e consolo do bom Pastor. Abraços do Brasil! Gosto muito de suas reflexões! 😁🖐️
Porque, embora esteja fisicamente longe de vocês, em espírito estou presente e me alegro em ver como estão vivendo em ordem e como está firme a fé que vocês têm em Cristo.
Colossenses 2:5