Um diálogo entre uma pequena igreja de bairro e a cultura
Sou do tipo de pessoa que deseja fugir da cidade. Sonho com a possibilidade de morar no campo para estar longe da confusão e do barulho.
Mas, ao ler “Ter Fé na Cidade”, de Tiago Cavaco, entendi que estava a colocar a cidade num lugar de horror, em vez de ter a capacidade de ver o quanto esta precisa de todo o tipo de pessoas. Incluindo, as que vão à igreja.
À medida que ia lendo, percebi que o facto de eu não gostar dos horrores da cidade é porque ela começou com pessoas como eu - que nem sempre têm o seu lado bom à mostra.
No fundo, eu desejo fugir de pessoas que são como eu. E, mesmo fazendo parte da igreja, tenho o profundo desejo de me esconder - o que é bastante hipócrita da minha parte, já que Cristo nunca foi dos que se afastou das pessoas que eram a escória da sociedade.
Neste livro, o autor começa por mostrar que a ideia de cidade sempre foi o que Deus quis - tanto que o primeiro capítulo trata do modelo bíblico da cidade e aponta para como as coisas começaram a desvirtuar a partir do primeiro assassinato (o episódio de Caim).
Então, pela forma como a cidade sempre foi intenção de Deus, não faz sentido que a igreja esteja do lado de fora. Até porque todos os grupos sociais são importantes para a composição dela - embora a igreja não seja apenas um grupo social.
Deste modo, existe uma urgência por parte de Cavaco em explicar o modelo bíblico da igreja (segundo capítulo), para que nos seja mais fácil de entender que existe um conforto em amarmos apenas aqueles que queremos e lidar apenas com os que nos convêm.
Daí surge o confronto onde o autor escreve que existe a necessidade de amar porque o amor não está presente. A falta dele é a razão do problema - inclusive, a visão que traz vai de acordo com o que já escrevi aqui sobre o tema).
Para além disto, existe um capítulo onde o próprio autor - pastor da assim conhecida Igreja da Lapa - fala da experiência de tornar a igreja como parte do roteiro daqueles que passam por Lisboa.
E, ainda conta com pequenos relatos de pessoas como Anabela Mota Ribeiro, Henrique Raposo, Nuno Markl e Samuel Úria. Cada um escreve a sua forma de ver Deus e ver a igreja. E, o que mais me surpreende, é o espaço dado para que se ouça diferentes pessoas de modo a que haja um diálogo saudável.
Se recomendo este livro? Com certeza!
Confesso que sou suspeita, pelo facto de que admiro o pastor Tiago Cavaco. Mas, esta capacidade de se fazer presente numa sociedade que ainda nos vê como uma seita e abrir espaço para diaólogo e para que nos conheçam, é para poucos.
Pois como já tive a oportunidade de o ouvir dizer: “existe uma comodidade em passarmos por invisíveis.” Notoriamente, isso tem de acabar.
Talvez porque temos receio de retaliações por não concordarmos com tudo o que a sociedade dita, ou simplesmente pelo facto de que já estamos tão envolvidos na nossa bolha que não percebemos que ainda fazemos parte da cidade. Por isso, precisamos actuar nela, progredir dentro dela e zelar pelo bem comum.
Mas, o mais importante: é bom termos bem assente que a igreja vai continuar nas cidades, nas vilas, nas aldeias… onde quer que haja alguém.
Vou dormir com o coração aquecido com esse texto ❤️
“… nos quer levar a nível de segurança tão grande onde vamos nos sentir livres para deixar toda a dor, todos cacos, nas suas mãos“ 🤯
A forma como abraçaste este viagem e te entregaste, e a coragem que demonstraste, é algo que me deixa sempre sem palavras.
Gracias por llevarnos hasta allá! Hasta se me apretó la guata.
Como amei ler seu texto e poder relembrar os detalhes dessa viagem tão intensa e incrível que fizemos. Obrigada ❤️😇
Muito bom seu texto, e compartilho sua dor pois tive um pai semelhante, e essa questão se estar sempre em alerta até hoje vem comigo
Wow! Que corazón enorme Dios te dió.
Uma menina/mulher super corajosa para escrever sobre algo que te maguou tanto 👏👏
Que post sensacional sobre sermos o sal da terra! Maravilhoso ❤
O medo é uma realidade vencida pela coragem. És corajosa e tens mostrado prendas dadas por quem te ama a tal maneira.
És Ana, conhecida e amada desde a fundação do mundo.