Segundo dia
Esta é a parte em que eu começo a entrar na aventura. Digo isto porque levei um bom tempo a acreditar que, de facto, estava em Israel.
Sabem aqueles sonhos em que pensamos que só terão forma daqui a uns bons anos? Quando houver mais tempo, mais estabilidade financeira, etc… pois, eu pensava isso no que diz respeito a viajar para Israel.
“Que bela prenda de aniversário!”. É o que me passa pela cabeça sempre que vejo fotografias dos lugares por onde passei.
Por falar nisso, deixem-me pôr-vos a par do segundo dia. Mas…, deixem-me fazêlo de forma diferente.
Eu visitei muitos lugares no dia 5 de Setembro. Tanto que, tendo em conta que o fuso horário era de duas horas a mais, ao acordar às 5:30h, o meu corpo sofria. Pois aquela hora era equivalente às 3:30h em Portugal.
Mas, o que é certo é que todo aquele esforço valeu a pena porque: visitei o Monte das Bem-aventuranças; o lugar onde Jesus preparou uma refeição para os discípulos (podes ler aqui); a cidade de Magdala; andei de barco no Mar da Galileia; fui a Cafarnaum (a cidade onde Jesus passou mais tempo); visitei o Monte Hermon e a região de Tel Dan (antiga região da tribo de Dã).
E, pronto, está revelado o meu segundo dia em Israel.
Brincadeira, há coisas que não podem passar ao lado. E, mesmo dando todas as indicações dos lugares por onde passei, não posso ficar sem mencionar os lugares que mais me marcaram neste dia.
Logo às 8:15h já estávamos no Monte das Bem-aventuranças. O lugar onde Jesus pregou o seu mais famoso sermão. Conhecido como Sermão do Monte - que ocupa os capítulo 5, 6 e 7 do evangelho de Mateus -, aquele lugar fez-me perceber que, onde estávamos, era o sítio onde aquelas 5 mil pessoas (sem contar com mulheres e crianças) estavam sentadas a ouvir as palavras de Jesus.
Na realidade, Jesus estava bem mais abaixo. E sendo aquele lugar de frente para o mar da Galileia e ainda com montes à sua volta… realmente, faz-me pensar em Jesus como o “rei da acústica” - como me disse uma amiga.
Algumas pessoas explicaram que, do possível lugar de onde Jesus proferiu as suas palavras, dá para ouvir perfeitamente. Pois o vento encarrega-se de levar a voz de quem fala.
Outro detalhe curioso é que, ao lermos a Bíblia, diz que a fama de Jesus se espalhava por toda a Síria. E, geograficamente falando, era logo atrás daquele mar, daquele monte que estava o Líbano, a Síria e a Jordânia. Nada era tão longe como eu pensava quando era criança.
Este foi um dos lugares mais importantes para mim pelo facto de que Jesus começou o seu sermão para os seus discípulos. Mesmo que a multidão estivesse ao redor, a verdade é que este ensinamento era para os discípulos.
E Jesus começa com o versículo em que me revejo: “Felizes (ou bem-aventurados) os pobres de espírito, pois o reino dos céus lhes pertence.” - Mateus 5:3.
Já cheguei a pensar numa pessoa pobre de espírito como alguém sem alento e sem noção da realidade. O que não é totalmente oposto ao que Jesus queria dizer. Mas, neste caso, apontava para as pessoas que se davam conta da necessidade de um salvador.
De alguém que as suprisse naquilo que elas mesmas não tinham condição de suprir. Aquilo que, até hoje, todos nós tentamos fazer por meio dos nossos esforços e através de uma boa auto-estima.
É algo mais profundo. Uma pobreza de não ter nada a oferecer para comprar ou conseguir aquilo que é mais importante para o ser humano: ter paz com Deus. Ao ponto que muitos nem sentem a necessidade de terem essa paz.
Mas, Jesus fala especificamente, para quem tem essa pobreza. Para quem entende que não é nada e que Deus é tudo. Para quem admite que precisa de Deus e que, fora Dele, não há vida.
Qual foi a minha reação naquele lugar? Exactamente! Chorei horrores.
Posto isto, às 9:50h estávamos em Magdala, a cidade de Maria Madalena. Cidade que foi descoberta recentemente e que tudo o que há dela pertence ao século I. Contudo, todas as obras esculpidas dentro dela são para homenagear as mulheres.
Tal como Jesus, que nunca desprezou as mulheres - pelo contrário - aquele lugar serve para honrar as mulheres que estiveram com Jesus como Suas discípulas. As conhecidas e as que não têm nome.
O mais bonito de tudo é que Jesus sabe o nome de cada uma. Incluindo o meu e o teu.
Agora, deixa-me falar-te do mar da Galileia. Na verdade, é um lago. Mas, devido à sua profundidade, por ser um bom sítio de pesca e, por estar num lugar deserto, foi chamado de mar.
Estar no lugar onde os discípulos mais experienciaram Jesus foi marcante. Não consigo colocar-me nos seus pés e nem consigo pensar que teria a mesma coragem de Pedro que, em plena tempestade, pede para andar sobre as águas.
Fora quando vivenciaram outra tempestade e Jesus estava a dormir. Agora eu pergunto: quem é que consegue dormir durante uma tempestade?
Pois é, só mesmo Aquele que tem o controlo sobre tudo e que bastou mandar o vento se calar e o mar se acalmar e tudo voltou ao normal.
De todas as tempestades que passamos, de todas as vezes que as pessoas parecem não saber quem somos, a verdade é que basta-nos a alegria de saber que precisamos Dele e que Ele nos tem.
Basta-nos a certeza de que Ele está connosco e que tem controlo sobre tudo - incluindo as que nos tiram o sono, nos fazem entrar em desespero e perguntar a Deus se, por acaso, Ele não se incomoda com o que está a acontecer.
Realmente, somos homens e mulheres de pequena fé. Pois precisamos sempre de Jesus para nos estender a mão para não afundarmos.
Somos, genuinamente, pobres de espírito. Pois precisamos de quem nos salve de nós mesmos, de quem nos dê o que perdemos no Éden: comunhão com Deus.
Graças a Deus, que nos deu Jesus.
Vou dormir com o coração aquecido com esse texto ❤️
“… nos quer levar a nível de segurança tão grande onde vamos nos sentir livres para deixar toda a dor, todos cacos, nas suas mãos“ 🤯
A forma como abraçaste este viagem e te entregaste, e a coragem que demonstraste, é algo que me deixa sempre sem palavras.
Gracias por llevarnos hasta allá! Hasta se me apretó la guata.
Como amei ler seu texto e poder relembrar os detalhes dessa viagem tão intensa e incrível que fizemos. Obrigada ❤️😇
Muito bom seu texto, e compartilho sua dor pois tive um pai semelhante, e essa questão se estar sempre em alerta até hoje vem comigo
Wow! Que corazón enorme Dios te dió.
Uma menina/mulher super corajosa para escrever sobre algo que te maguou tanto 👏👏
Que post sensacional sobre sermos o sal da terra! Maravilhoso ❤
O medo é uma realidade vencida pela coragem. És corajosa e tens mostrado prendas dadas por quem te ama a tal maneira.
És Ana, conhecida e amada desde a fundação do mundo.