Terceiro dia
Espero que o relato desta viagem esteja a despertar em ti a vontade de viajar mais, como de aprender e ter desejo de saber muito mais acerca de Deus e da Sua história no mundo.
Tenho te levado a todos os lugares que fui e tudo o que aprendi. Mas, e se eu te disser que saí de lá com a certeza de que um dia voltaria?
Não consigo esquecer-me de Israel. Por isso, aqui te deixo o meu relato acerca do terceiro dia.
Para começar em grande, às 8h já estávamos em Yardenit. O lugar onde renovei os meus votos com Deus.
Mesmo sabendo que só há um baptismo, o facto de me “rebaptizar” - se é que essa palavra existe - foi apenas numa forma de marcar fisicamente o desejo mais profundo do meu coração: seguir Cristo.
Não o fiz pela minha família nem por causa da forma como fui educada. Fiz por vontade própria, com consciência de que não volto atrás na decisão que tomei.
E, ali estava eu, no Rio Jordão. Com a convicção de que não existe mais nada que me faça mais sentido e que me dê sentido se não o próprio Jesus.
O que eu não sabia é que iria enfrentar os dias de mais calor. Mesmo sendo algarvia, lamento, mas não fui feita para o calor.
Houve certa ocasião em que, indo para outro local, apontaram que estaria uma sensação térmica de 48º. Eu não sei como aguentei.
Às 10:20h visitei Bet She’an, uma antiga cidade romana onde os mais ricos moravam.
Fiquei estupefacta com a dimensão do coliseu. O lugar que deu espaço ao entretenimento sangrento que os romanos tanto amavam. Desde lutas entre gladiadores ao lançamento de cristãos e judeus na arena para serem devorados por leões.
Hoje em dia, sei que a perseguição continua. Mas, os leões e o espectáculo tomaram outra forma.
Mas, continuando o relato: o anfiteatro tinha a capacidade para mais de quatro mil pessoas. Fora o luxo das termas e a imensidão dos ginásios da época.
Confesso que o que me chamou à atenção foi a dimensão das coisas. Quanto às construções romanas, não foi assim tanto o espanto porque Portugal está cheio delas.
Então, muito do vi já estava familiarizada. Contudo, Portugal não se aplica tanto à arqueologia como Israel que consegue escavar cidades inteiras e mantê-las intactas - pelo menos, o que resta delas.
Pelo caminho, parámos em Qumram. Aqui já estávamos em pleno deserto. Vi Jericó e, pelo caminho, avistei inúmeras tendas de Beduínos. Assim como vi as áreas fronteiriças totalmente definidas com as suas cercas.
As áreas são definidas como A, B e C. Digamos que a área C é a mais segura pois pertence à Cisjordânia onde qualquer um pode passar livremente - ainda que com controlo de fronteira.
Aliás, o que mais me lembro de fazer enquanto estive em Israel, era de passar por fronteiras em estrada e fronteiras a pé.
E, agora, preparem-se que vem aí história da boa!
Às 15h, estávamos em Masada. Uma cidade construída por Herodes, O Grande. Por ser paranóico e de ter um constante medo que o matassem, mandou construir esta fortaleza em pleno deserto.
Era o lugar para onde ia para descansar e garantia que tinha tudo de bom e do melhor.
Lindo, lindo foi chegar até à fortaleza. Só me lembro que ficava a 400 metros de altura e que tínhamos de chegar lá por um teleférico.
Até aí tudo bem... pensei que era uma boa altura para vencer o meu medo de vertigens mais uma vez. Mas, a dado momento, começo a ver que o grupo de 72 pessoas estavam a entrar TODO no teleférico.
Lembro-me de comentar alto: "epa, isto não dá mais". E de alguém - que já tinha estado lá - a rir do meu comentário.
Reumindo a opéra: o teleférico tinha capacidade para 82 pessoas. Nunca tinha entendido a expressão "sardinha enlatada" até àquele dia.
Mas, voltando a Herodes, porque era este homem tão paranóico?
Herodes, O Grande, foi convertido ao judaísmo por obrigação por causa da necessidade de executar de forma exemplar a sua função. Como tal, queria ser bajulado e aceito pelos judeus. Tanto que garantiu casar-se com uma judia.
Contudo, a vontade era grande de agradar e ser bajulados não pelos judeus como pelos romanos, E, qual o resultado? Nenhum dos dois o tolerava.
Porém, agora é que a história fica mais interessante!
Passados alguns anos, um grupo de judeus, que fugiam da opressão romana - após a destruição do segundo templo -, encontraram a montanha de Masada e a construção de Herodes, e foram para lá escondidos com as suas famílias.
Até que, um dia, aproxima-se a décima legião romana. Acampam ao redor da montanha e começam as construções de uma torre e armas, para conseguirem destruir as muralhas da fortaleza.
Para não se entregarem à escravidão, os judeus juntaram-se e tiraram à sorte quem iria matar a família de quem. Preferiam a morte que a escravidão.
O resultado: os que sobravam acabam por se mandar da fortaleza abaixo. Contudo, duas mulheres e algumas crianças escaparam. Daí que se sabe a história que, até hoje, é vista como um acto de heroísmo por parte dos judeus.
Ora, para quem sabe as atrocidades de que eram cometidas no império romano, acho que consegue perceber porque os judeus preferiram a morte do que a escravidão.
Uma coisa é certa: tiveram uma causa pela qual morrer. E quando os romanos chegaram… já não havia ninguém para levar cativo.
Curioso não é?
O tanto de história que um país tão pequeno tem. E estima-se que cada vez haja mais escavações a serem feitas porque não param de descobrir novos artefactos que comprovam a história de um povo.
Se tudo correr bem, espero lá voltar. Pois sei que tenho ainda mais para ver.
Para a semana estou de volta!
Vou dormir com o coração aquecido com esse texto ❤️
“… nos quer levar a nível de segurança tão grande onde vamos nos sentir livres para deixar toda a dor, todos cacos, nas suas mãos“ 🤯
A forma como abraçaste este viagem e te entregaste, e a coragem que demonstraste, é algo que me deixa sempre sem palavras.
Gracias por llevarnos hasta allá! Hasta se me apretó la guata.
Como amei ler seu texto e poder relembrar os detalhes dessa viagem tão intensa e incrível que fizemos. Obrigada ❤️😇
Muito bom seu texto, e compartilho sua dor pois tive um pai semelhante, e essa questão se estar sempre em alerta até hoje vem comigo
Wow! Que corazón enorme Dios te dió.
Uma menina/mulher super corajosa para escrever sobre algo que te maguou tanto 👏👏
Que post sensacional sobre sermos o sal da terra! Maravilhoso ❤
O medo é uma realidade vencida pela coragem. És corajosa e tens mostrado prendas dadas por quem te ama a tal maneira.
És Ana, conhecida e amada desde a fundação do mundo.