Quarto dia
Aqui estou para continuar os relatos desta viagem que marcou profundamente a minha vida, e que me fez ter a certeza de que voltaria para lá - e espero que num futuro próximo… pois isso indicaria boas notícias em relação à situação que vemos no momento.
Mas, sem mais delongas, este quarto dia iniciou-se com o acordarmos sabendo que iríamos ficar um tempo de molho no Mar Morto.
E foi exactamente isso que aconteceu! Às 8:20h já estávamos lá.
Confesso que gostei muito da experiência. Mas… aquilo tem piada por uns 10 minutos. Depois disso, uma pessoa pensa que está a ser refogada. Eram 35º dentro de água e 40º fora.
Contudo, tenho a dizer que saí de lá com a pele impecável! Não é à toa que fazem inúmeros cosméticos a partir do Mar Morto.
Foi gira a experiência de estar no ponto mais baixo do mundo e de boiar sem precisar fazer esforço algum. Mas, o calor não me deixou aguentar muito tempo lá dentro.
Depois disso, com o nosso tempo contado, fomos para o Hotel para acabarmos de fazer as malas. Pois, em seguida, já estaríamos a caminho de Jerusalém. Confesso que estava bastante ansiosa por, finalmente, pôr os meus pés nesta cidade.
Assim que chegámos em Jerusalém, fomos para um miradouro onde tínhamos toda a vista da cidade. Ao longe, eu conseguia ver a cúpula dourada.
Aproveitamos para tirar uma foto de grupo, com toda a cidade de fundo. E na minha cabeça eu cantarolava: “Jerusalém, que bonita és…”
Dali fomos directos para o Monte das Oliveiras. Ficámos a saber que passaríamos por lá novamente - e com mais tempo - mas, sendo um dos pontos mais importantes para nós cristãos, então ficou decidido que passaríamos por lá duas vezes.
É bom ressaltar que, neste dia em específico, eu não estava bem. O meu coração estava sobressaltado por situações pendentes em Portugal. Intimidações e manipulações que me chegavam por mensagem. E o meu coração estava apertado por causa da avó.
Tudo o que aconteceu nestes últimos dias da viagem foram os mais significativos por causa da forma como vi Deus agir. Fui muito confrontada com a minha limitação humana e com a Omnisciência, Omnipotência e Omnipresença de Deus.
Sendo assim, não posso deixar de contar a experiência que tive quando estávamos no Jardim do Túmulo - o lugar onde o corpo de Jesus foi sepultado.
O que mais me chamou à atenção é que a arqueologia comprova a veracidade bíblica.
A Palavra diz que Jesus fora crucificado e sepultado fora das muralhas da Cidade de David. E onde estávamos nós? Fora das muralhas da Cidade do Rei David.
Inclusive, aquele foi o dia em que tive maior percepção da exposição que Jesus sofreu por nossa causa. Pois, o lugar onde fora crucificado era o de maior passagem de mercadores, estrangeiros e era um dos locais onde todos tinham de passar para entrar ou sair da cidade.
Sendo o Império Romano atroz em todas as suas torturas e sentenças, aquele era o lugar apropriado para que pessoas crucificadas servissem de exemplo para todas as outras.
Hoje em dia, o lugar da crucificação de Jesus é um terminal de autocarros.
O mais curioso? É que nesse lugar conseguimos ver a colina que as pedras têm a figura de um crânio, de uma caveira. E a Bíblia fala que Jesus fora crucificado no Gólgota - em aramaico -, no Calvário - em latim. Ambas as palavras significam caveira.
Não posso deixar de mencionar que, assim que nos aproximávamos mais do local onde sepultaram Jesus, mais silencioso ficava o ambiente. Era como se a confusão e a exposição de um terminal de autocarros fosse completamente abafado pelo marco que aquele lugar deixou.
Entrei no túmulo - na caverna, já que naquele tempo os mortos eram colocados dentro delas -, e estava vazio.
Já sabia que ia entrar num lugar onde não iria ver nada. Pois, desde que tomei conhecimento das boas-novas do evangelho de Cristo, eu soube que Ele está vivo e não morto.
Contudo, o lugar não deixou de me impactar. Ao saber, que ainda por uns dias, esteve ali o seu corpo. Por saber que ressuscitou. E que, quando isso aconteceu, as pessoas que deram testemunho disso foram mulheres. Naquela altura, a palavra de uma mulher não valia nada, e foi exactamente a elas que Jesus se mostrou ressurrecto em primeira mão.
Jesus é incrível, não é? Numa sociedade que pouco ou nada queria saber da voz da mulher, Ele sempre nos trouxe para o lugar que nunca deveríamos ter-nos desviado.
O momento que vivemos a seguir foi impactante!
Tivemos um tempo reservado para tomarmos a Santa Ceia. Talvez não estejas familiarizado com o termo. Mas, seria o mais parecido que a Igreja Católica chama de Eucaristia. O momento em que estamos em comunhão uns com os outros e renovamos a nossa comunhão com Cristo.
Reconhecemos o seu sacrifício na cruz, relembramos o seu amor por nós e fazemos tudo isso em memória Dele.
Lembraste que disse que esse dia estava a ser muito duro para mim?
Enquanto estávamos ali eu não conseguia dar mais importância à situação que estava a acontecer. No momento em que me dei conta, mais uma vez, do qual real Jesus é, eu esqueci a dureza com que me estavam a tratar e decidi perdoar.
A mesma compaixão que estava a receber de Deus eu queria conseguir estender para a pessoa que me importunava a mim e à minha família. Segundo as minhas limitações, perdoei e estendi misericórdia. Não pela minha força, mas pela força e pelo amor que há em Deus.
Chorei muito.
Chorei ao perdoar a injustiça que estava a ser feita, chorei ao largar os meus medos e dúvidas, chorei ao me lembrar da minha condição humana. Fiz as minhas orações e descansei em Deus.
E, aproveito para dar o spoiler: assim que cheguei de viagem, tudo se acalmou e eu vi que Deus tinha trabalhado numa causa que eu não tinha como resolver por mim mesma.
Foi, sem dúvida, um dos momentos mais bonitos da minha vida. Daqueles que podem passar os anos que passarem…, jamais irei esquecer.
E, o melhor de tudo, foi nesse dia que dormi profundamente bem em meses.
Às vezes, para descansarmos em Deus, basta irmos até Ele e deixar todos nossos medos, todas as nossas frustrações e incapacidades.
Vou dormir com o coração aquecido com esse texto ❤️
“… nos quer levar a nível de segurança tão grande onde vamos nos sentir livres para deixar toda a dor, todos cacos, nas suas mãos“ 🤯
A forma como abraçaste este viagem e te entregaste, e a coragem que demonstraste, é algo que me deixa sempre sem palavras.
Gracias por llevarnos hasta allá! Hasta se me apretó la guata.
Como amei ler seu texto e poder relembrar os detalhes dessa viagem tão intensa e incrível que fizemos. Obrigada ❤️😇
Muito bom seu texto, e compartilho sua dor pois tive um pai semelhante, e essa questão se estar sempre em alerta até hoje vem comigo
Wow! Que corazón enorme Dios te dió.
Uma menina/mulher super corajosa para escrever sobre algo que te maguou tanto 👏👏
Que post sensacional sobre sermos o sal da terra! Maravilhoso ❤
O medo é uma realidade vencida pela coragem. És corajosa e tens mostrado prendas dadas por quem te ama a tal maneira.
És Ana, conhecida e amada desde a fundação do mundo.