“Se eu tivesse nascido noutro tipo de contexto, eu hoje seria uma pessoa mais bem resolvida.”
“E se eu não tivesse passado por alguns episódios, eu não seria tão travada em certas áreas da minha vida”.
Diante da jornada que me foi proposta a caminhar, sempre pus muita carga em cima dos meus ombros ao ter pensamentos deste género.
Acredito que contigo não seja diferente. Tu também tens os teus “ses” e tens de conviver com eles.
Mas, e se os enfrentarmos de maneira correcta? Já que eles começam na mente, porque não atacá-los logo desde aí?
Porque não é tão fácil quanto parece. Aliás, é tudo menos fácil. Dá até uma sensação angustiante de que não haverá escapatória possível. Ou um descanso, uma pausa.
A verdade é que os principais responsáveis disso somos nós. Não conseguimos assumir a responsabilidade de nos livrarmos da forma condenatória, pessimista e vitimista como pensamos, tal é o costume.
Abrindo sem receios o meu coração, os cenários “se” apareceram - e ainda aparecem - tanto na minha vida que eu acabei por perder mais tempo a dar-lhes atenção do que a escurraçá-los da minha mente.
Parece singelo e com pontas de verdade, mas não passa de uma mentira que deseja a todo custo colocar-me numa prisão chamada “vitimismo”.
Sei que uso muito as prisões como analogia para o que quero expressar. Mas, a realidade é essa! Existem prisões dentro de nós que nos recusamos a sair delas por causa do costume ou da falta de capacidade de lhes dar nomes.
No mês passado, eu tive de trabalhar com afinco em vencer medos que estavam entranhados na minha mente. Medos esses que estavam muito ligados a uma forma incorrecta de pensar.
Tive de arregaçar as mangas e ir. Mesmo com medo, mas ir. Enfrentar o que tanto me queria paralisada.
Eu não me tinha dado conta (até então) que a minha mente estava em jogo. Tudo o que eu permito que se torne uma crença pode trazer benefícios ou graves consequências.
É na mente que acontece a mais dura batalha que parece nunca querer dar tréguas.
Mas, aprendi que é possível vencer cada batalha. Uma por uma. Mas não pela minha própria força.
É graças a Jesus.
«Como assim, Ana?», podes perguntar.
Bem, a verdade é que desde que Jesus entrou na minha vida eu sou sempre levada a mudar a minha forma de pensar.
Ao contrário do que as pessoas possam pensar - e erradamente afirmar -, não é uma lavagem cerebral. Eu vejo-o como uma libertação, um destravar.
Imagina o que é estar dentro de um contexto familiar em que os antepassados acreditavam que a violência contra a mulher era aceitável, e que a mulher tinha de permanecer calada. Assim como pedir ajuda era uma perda de tempo porque “entre marido e mulher não se mete a colher”.
Eu cresci num contexto em que a família era um conceito destruído e sem valor. O que infelizmente me trouxe graves consequências à medida que cresci.
Se não fosse Jesus, eu ainda estaria presa a uma forma de pensar distorcida de tudo aquilo que Ele projectou para a humanidade.
A família é suposto ser o lugar seguro de qualquer criança e não a fonte de ameaça. E a maior revelação que tive foi numa conversa em que alguém me disse: “Ana, Deus é um Pai saudável.”
Por isso, tal como uma criança eu tive de voltar a aprender. Largar as falsas crenças que foram causadas pela dor e aprender o verdadeiro significado da família. Eu não posso mais continuar a olhar para o passado como a fonte da minha dor, mas posso olhar para ele e ver a mão de Deus que, no meio do caos, me trouxe à estabilidade. Tirou-me de um estilo de vida doloroso e vazio, que por anos foi-me incutido.
“Pois vocês sabem que o resgate para salvá-los do estilo de vida vazio que herdaram de seus antepassados não foi pago com simples ouro ou prata, que perdem seu valor, mas com o sangue precioso de Cristo, o Cordeiro de Deus, sem pecado nem mancha.” - 1 Pedro 1:18-19
Então, todos os “ses” da minha vida precisam de ter um fim.
E a forma de acabar com eles é enfrentá-los ao dizer-lhes o que eles são: mentiras.
Tantas são as vezes que querem voltar a ter controlo sobre mim. E em todas essas ocasiões eu tenho de olhar para eles e decidir não me entregar mais a eles.
Porque agora já não importa mais o que o passado deixou. Importa quem Cristo me faz ser apesar de toda a dor. Apesar do contexto de onde vim e onde estou.
As oportunidades irão aparecer, o que Ele tiver para mim será o melhor. E o lugar onde estou é onde eu sou necessária.
E se ainda tiver mais coisas a curar e mais crenças para abandonar… pois que assim seja. Porque mais do que as oportunidades diante de mim, o que mais me importa é ter o meu coração livre e saber que quem me torno é exactamente quem eu fui criada para ser.
Ele sabe para onde vou. E é Nele que está o meu coração.
Vou dormir com o coração aquecido com esse texto ❤️
“… nos quer levar a nível de segurança tão grande onde vamos nos sentir livres para deixar toda a dor, todos cacos, nas suas mãos“ 🤯
A forma como abraçaste este viagem e te entregaste, e a coragem que demonstraste, é algo que me deixa sempre sem palavras.
Gracias por llevarnos hasta allá! Hasta se me apretó la guata.
Como amei ler seu texto e poder relembrar os detalhes dessa viagem tão intensa e incrível que fizemos. Obrigada ❤️😇
Muito bom seu texto, e compartilho sua dor pois tive um pai semelhante, e essa questão se estar sempre em alerta até hoje vem comigo
Wow! Que corazón enorme Dios te dió.
Uma menina/mulher super corajosa para escrever sobre algo que te maguou tanto 👏👏
Que post sensacional sobre sermos o sal da terra! Maravilhoso ❤
O medo é uma realidade vencida pela coragem. És corajosa e tens mostrado prendas dadas por quem te ama a tal maneira.
És Ana, conhecida e amada desde a fundação do mundo.