“Deus é machista”.
Li e ouvi muito esta frase. Não me choca, de todo. Apenas enche o meu coração de compaixão. Principalmente porque ela é proferida por mulheres que foram magoadas ou abusadas pelo sistema religioso.
A religião em si não é má. Ela é o religar a Deus. E só existe a necessidade de voltar a conectar quando essa ligação foi perdida.
E porquê compaixão?
Quanto mais eu conheço o carácter de Deus mais eu me apercebo de que isso é um grito desesperado de ajuda por aquelas que estão feridas - e com razão - por quem as deveria proteger.
Olhando para a Bíblia eu vejo uma mulher que inicia o crescimento da humanidade. Adão estava só e Deus viu que isso não era bom. Ele sozinho não bastava. Então Deus cria Eva.
Deus cria a Mulher com propósito, com valor e dignidade. A Eva foi-lhe dado um dos papéis mais importantes. Deus é intencional quando a cria. Assim como Deus é intencional com o nascimento de mais mulheres neste mundo.
Mas Eva faz o que não devia. Adão culpa Deus pela mulher que lhe foi dada. E aqui começa a nossa posição a ficar complicada.
Isto é o que acontece quando Homem e Mulher não assumem responsabilidades. O jogo de culpas começa e ninguém é suficientemente bom para se redimir.
Porém, ainda que culpemos Deus… Ele sempre intervém.
Culparam uma mulher pelo pecado que entrou no mundo. Mas de uma mulher veio o Salvador dele.
A Humanidade por si só não se salva. E na sociedade em que vivemos esta ideia acaba com todo o senso de autossuficiência. E ninguém está disposto a perdê-la.
A posição da mulher, historicamente falando, nunca foi bem vista. Até aos dias de hoje temos barreiras a ultrapassar. Estamos constantemente a ter que provar o nosso valor, o nosso mérito e o nosso esforço.
Segurança, cuidado e protecção, são palavras que mexem connosco. Pois o mundo que conhecemos não nos provê nenhuma delas.
Há quem se desespere por saber que chegará mais uma menina à família. Tudo isto por causa do caos em que o mundo vive.
Por saberem na pele o quanto o mundo é um lugar perigoso e as oportunidades não chegam com tanta naturalidade - eu sei que não são apenas as mulheres. Também sei que muda de continente para continente, apenas peço-te que te foques comigo no molde geral.
Mas Jesus veio.
Nascido de uma mulher, gerado pelo Espírito Santo.
Nunca ignorou a sua cultura, cresceu e aprendeu com ela. Porém, nunca se prendeu a ela. A cultura que trouxe e estabeleceu foi a cultura do carácter de Deus.
A uma mulher revelou que era o Messias. Enquanto os seus discípulos andavam com Ele para todo o lado, foi a uma mulher que Jesus decidiu revelar quem era - e sem contar que ainda ficaram surpreendidos por estar a falar com uma mulher.
A outra impediu que a matassem. Fora apanhada em adultério e só trouxeram ela, mas onde estava o homem? Jesus agiu com justiça. A culpa não iria recair apenas sobre uma pessoa. E nem a culpa lhe imputou, mas sim o perdão. A oportunidade de começar de novo.
Enquanto às mulheres se dava pouca notoriedade, Jesus aproximou-se delas. Curou-as, teve compaixão e admirou-as. E fez o que era de mais indecoroso: falar com elas em público.
Jesus olhou-as nos olhos. Revelou o Pai. Que as criara no mesmo pé de igualdade. Nós, humanidade, é que «metemos a pata na poça» e ainda hoje estamos em disputa de quem tem a culpa - “carinhosamente”, chamo-lhe a síndrome de Adão.
Sempre se aproximou daqueles que os homens mantinham afastados. Desde leprosos, cobradores de impostos a mulheres.
Ele jamais abandonou quem a sociedade considerava escória.
Agora pergunto-te: que espaço há para dizer que Deus é machista?
Ele enviou o Seu Filho que sempre assegurou que não fazia nada que não visse o Pai fazer e nem dizia o que nunca ouvira o Pai dizer.
Jesus, o Deus em carne e osso, que quis viver na pele da humanidade para mostrar que ninguém está abaixo de ninguém. Que a todos Ele alcança e deu valor e dignidade.
Mais do que isso: morreu para que essa dignidade foste restaurada. Para que não houvesse mais nada que nos separasse Dele e nem do real valor que nos deu.
Repito: essa frase não me choca, mas enche o meu coração de compaixão. Porque eu gostava muito que tu soubesses que não há como culpar Deus dos erros humanos. Não quando Ele deu a vida por nós.
Só quem ama com amor verdadeiro é capaz de se sacrificar assim. Principalmente quando não havia crime algum que tivesse feito. E ainda sabendo que a humanidade, por quem se entregava, lhe viraria as costas.
Ele não é o sistema religioso que te feriu nem as promessas falhas ou traições cometidas pelos homens com quem já se cruzaram no teu caminho.
O olhar de Deus para com a mulher nunca mudou e nunca irá mudar.
Ele não muda.
Vou dormir com o coração aquecido com esse texto ❤️
“… nos quer levar a nível de segurança tão grande onde vamos nos sentir livres para deixar toda a dor, todos cacos, nas suas mãos“ 🤯
A forma como abraçaste este viagem e te entregaste, e a coragem que demonstraste, é algo que me deixa sempre sem palavras.
Gracias por llevarnos hasta allá! Hasta se me apretó la guata.
Como amei ler seu texto e poder relembrar os detalhes dessa viagem tão intensa e incrível que fizemos. Obrigada ❤️😇
Muito bom seu texto, e compartilho sua dor pois tive um pai semelhante, e essa questão se estar sempre em alerta até hoje vem comigo
Wow! Que corazón enorme Dios te dió.
Uma menina/mulher super corajosa para escrever sobre algo que te maguou tanto 👏👏
Que post sensacional sobre sermos o sal da terra! Maravilhoso ❤
O medo é uma realidade vencida pela coragem. És corajosa e tens mostrado prendas dadas por quem te ama a tal maneira.
És Ana, conhecida e amada desde a fundação do mundo.