Tenho por hábito, a cada mês, direccionar todo o conteúdo com um tema para não perder o fio à meada - e nem cair na vontade de divagar (já que sou boa nisso).
Não deixei de reflectir e até escrever sobre o descanso (o tema do mês de Setembro). Mas, apercebi-me que, mais do que escrever ou reflectir, precisei viver.
A maioria das coisas que aconteceram em Setembro já estavam previamente idealizadas e, secretamente, a serem preparadas.
Ganhei o bom hábito de manter as coisas em oração e escritas num papel. E esperar que Deus dê o aval final.
Já tinha noção que seria um mês agitado.
Fui para Israel - realizei um sonho. Mudei de casa - realizei o sonho de morar sozinha. Fui madrinha de casamento da minha irmã de coração e fiquei tão inundada de felicidade por vê-la tão feliz que eu não conseguia estar quieta.
Por fim, foi o meu aniversário.
Contei-vos as coisas boas que aconteceram, mas agora permitam-me contar-vos os bastidores. Aquilo que não apareceu no meu instagram.
Devido a alguns problemas e à falta de compromisso de pessoas que não têm os mesmos valores e princípios que nós, eu e a minha família fomos acometidos de uma tremenda pressão. Tudo em prol de salvaguardar a minha avó e os seus interesses.
Isso resultou em noites acordadas, pensamentos intrusivos, ansiedade e pânico. E eu ainda tinha todo o mês de Setembro para cumprir com tudo o que já estava marcado.
Pensei várias vezes em desistir da viagem a Israel, pensei em não festejar o meu aniversário, pensei em não mudar de casa… pensei e pensei, e queria resolver tudo pelas minhas próprias mãos. Como se eu fosse suficiente para guardar a minha avó.
A verdade é que, com muita afirmação do meu tio, não desisti da viagem e nem do resto. Com muita afirmação de uma amiga conselheira, fui tranquila. Fiz tudo o que tinha a fazer em Setembro.
Contudo, só passei a desfrutar quando deixei todo o controlo nas mãos de Deus. Quando perdoei quem nos desvalorizou e desrespeitou. Quando escolhi não viver, mais uma vez, pelas minhas emoções mas pela Palavra viva.
Aquela viagem marcou-me profundamente.
Jamais me esquecerei que, no lugar onde Jesus mais agonizou, foi o lugar onde eu mais chorei de gratidão e onde fui consolada - por saber que se identifica comigo ao ponto de que nunca terei de agonizar a tal nível, por causa do Seu grande amor.
Enquanto estava lá, no meu íntimo, cheguei a dizer várias vezes: “Obrigada por teres vindo até nós. Ainda bem que vieste.”
No momento em que cheguei da viagem, vi que Deus estava no controlo e por isso senti-me segura. Não foi e nem é preciso fazer nada. Ele garantiu-me que é “Pai dos órfãos e juiz de viúvas…” - Salmos 68:5.
A mudança de casa foi apenas um pormenor. A verdadeira mudança foi interna.
Já a chegar ao final do mês, celebrei o casamento da minha irmã do coração. Acompanhei todo o processo, às vezes perto e outras vezes longe. Mas, o meu coração estava radiante ao vê-la num dos momentos mais lindos da sua vida.
E celebrei o meu aniversário. Eu, que há uns anos atrás sentia-me desgastada, como se já tivesse vivido anos e anos, com todas as lutas a que se tem direito.
Sempre com alguma angústia e dificuldade em abrir mão da ideia de como as coisas eram quando a minha mãe ainda estava neste mundo.
Mas, este ano foi diferente.
Larguei as antigas cargas pesadas. Perdoei e pedi perdão. E percebi que quanto mais tento salvar a minha vida, mais eu a perco.
Deus deu-me, novamente, força para continuar. Recuperou-me do desgaste sofrido. E eu parei de lutar contra o tempo. Parei com as minhas estratégias.
Celebrei e descansei no meio de um turbilhão de complicações. E descobre que, final de contas, a ansiedade e o pânico não têm assim tanta força para marcar a minha vida - ainda que eu tenha de lidar com eles.
Assim, provei do descanso quando vi que nada me faltou, e mais importante: o Senhor não me faltou. Mesmo quando chorei, quando tive medo e quando passei por noites más.
Fui levada a águas tranquilas e não estive sozinha nem por um segundo quando passei pelo vale da sombra da morte. E sei que nunca estarei.
De tudo o que reflecti e escrevi sobre descanso até poderia servir de alguma coisa. Mas, não sei se, tal como eu, também estão cansados só de teoria.
Por isso, deixo o que de melhor aprendi: o descanso acontece vamos até Jesus e nos lançamos nos Seus braços - seja a chorar, irritados, o que for - e vemos que Ele vai sempre estar.
Ele não nos faltará.
O descanso, nas minhas simples palavras, é isso. A certeza de que basta irmos até Ele, para sabermos que Ele é o que precisamos. Ele é o nosso lugar. Ele é o nosso descanso.
Palavras de grande valor; palavras verdadeiras. As experiências que partilhamos de aflição ou dor, servem para glorificar Aquele que nos livra delas, mesmo que não seja do jeito que gostaríamos ou quando gostaríamos. Para que Deus haja na nossa vida, há sempre um “se” de Deus. O fardo Ele não nos tira, Ele nos ajuda a levar. De fato o perdoar e descansar em Deus, é a primeira porta a ser aberta para que a Sua ação pode ser evidente na nossa vida. Gostei muito de ler a tua experiência, pois me faz lembrar do descanso em Deus que preciso ter neste momento provas. É preciso pôr em prática aquilo já sabemos. Um abraço. Tiago