Desde muito pequena que me recordo de ver a minha mãe com uma máquina fotográfica atrás, fosse para onde fosse. Não queria perder nenhum acontecimento. Ao ponto de todos os momentos tornarem-se importantes e dignos de serem captados. Prova disso é que até hoje eu tenho fotografias que caracterizam fielmente a minha infância e a minha essência.
Descobri que, tal como a minha mãe, eu sempre gostei de fotografia. Sem nunca ter em vista como algo profissional ao ponto de viver apenas disso. Tanto que, a minha maior paixão na fotografia é captar os momentos daqueles que amo e dos que não conheço. Como assim, mas tu fotografas estranhos? Sim! Eu amo fotografar estranhos. Tenho por hábito, fazer caminhadas em que levo a minha máquina e, enquanto caminho, observo tudo o que me rodeia. E, sem que me notem, registo o presente daqueles que não me conhecem, que eu não conheço, mas que se cruzaram na minha caminhada. Faço-o de modo a que caras não sejam reveladas, mas que a verdade seja passada.
Nos dias que correm, é muito comum o desespero pela fotografia perfeita ou pela fotografia que possa ser facilmente manipulada – talvez pela preocupação que temos de mostrar o que os outros esperam que sejamos, e Deus nos livre de não estarmos por dentro do que é mainstream.
Mas, não hesito em fazer as seguintes perguntas: e a essência onde fica? Não seria responsabilidade nossa, enquanto capturamos um momento, de mantê-lo verdadeiro?
Atenção, com isto não me refiro à edição da foto. Refiro-me ao facto de que enquadramos apenas o que queremos mostrar – e nem sempre esse enquadramento corresponde à realidade. Confesso que este click aconteceu enquanto ouvia o podcast “ANAGRAMA” (que aconselho vividamente que ouçam), da Nana Silveira. Ao ouvi-la tive mais tranquilidade de não querer entrar num profissionalismo desenfreado e nem me focar em capturar aquilo que não revela a verdade. Nada contra a quem o é, inclusive ela mesma tem um bacharelado em fotografia e sim, se és artista nesta área e queres investir mais, então força! Como sabiamente a minha avó diz: “o saber não ocupa lugar”.
Entendi que, ao fotografar, o que me importa é focar o meu olhar mais além do que a própria imagem revela, mas mantendo sempre a sua veracidade. Essa verdade que encontro na imagem é o que me inspira a reflectir e a escrever, a ponderar ou a arriscar. As essências captadas fazem-me ter a certeza e maior convicção de que o Criador a colocou em cada um de nós e que ela é proposital.
Assim como, o facto de que Ele preza a verdade porque a é. Ele é, isso é suficiente.
Por isso, para além de fotografar a minha prima pequenina e estar a fazer parte do seu crescimento, para além das pessoas que fotografo na rua… através desta arte eu noto a vida em abundância que me foi dada e que está proposta. Que, ainda que o tempo passe a voar, haverá provas físicas do quanto vivi e fiz parte da vida de outros. Com a fotografia já vi grandes amigos envolvidos numa conversa animadora, já vi começos de novas famílias, já vi aqueles que recordam de quem têm saudades, e por aí vai.
A beleza das mais diferentes pessoas que existem neste mundo é prova que Deus existe e é demasiado belo para que passe despercebido.
Fora o facto que o próprio Deus está focado a que vivamos a verdade e que a possamos reflectir. Contudo, ela precisa ser vivida por nós primeiro. Não precisamos de feeds obrigatoriamente bonitos, precisamos de uma vida real. E ela acontece fora das redes.
Vou dormir com o coração aquecido com esse texto ❤️
“… nos quer levar a nível de segurança tão grande onde vamos nos sentir livres para deixar toda a dor, todos cacos, nas suas mãos“ 🤯
A forma como abraçaste este viagem e te entregaste, e a coragem que demonstraste, é algo que me deixa sempre sem palavras.
Gracias por llevarnos hasta allá! Hasta se me apretó la guata.
Como amei ler seu texto e poder relembrar os detalhes dessa viagem tão intensa e incrível que fizemos. Obrigada ❤️😇
Muito bom seu texto, e compartilho sua dor pois tive um pai semelhante, e essa questão se estar sempre em alerta até hoje vem comigo
Wow! Que corazón enorme Dios te dió.
Uma menina/mulher super corajosa para escrever sobre algo que te maguou tanto 👏👏
Que post sensacional sobre sermos o sal da terra! Maravilhoso ❤
O medo é uma realidade vencida pela coragem. És corajosa e tens mostrado prendas dadas por quem te ama a tal maneira.
És Ana, conhecida e amada desde a fundação do mundo.